terça-feira, 9 de setembro de 2014

Siddhartha - Vulgares

Lentamente, por entre a sua riqueza crescente, o próprio Siddhartha adquiriu alguns traços das pessoas vulgares, algo da sua ingenuidade e da sua ansiedade. E no entanto invejava-as, invejava-as tanto mais quanto mais se parecia com elas. Invejava a única coisa que lhe faltava e que elas tinham, a importância que atribuíam às suas vidas, a intensidade das suas alegrias e medos, a angustiada mas doce ventura de sua eterna capacidade para amar. Estas pessoas estavam sempre apaixonadas, por si mesmas, por mulheres, pelos seus filhos, pela honra ou pelo dinheiro, por planos ou por esperanças. Mas fora isto que ele não aprendera com elas, exatamente isto, esta alegria infantil, esta loucura infantil; aprendera com elas apenas as coisas desagradáveis que ele próprio desprezava. (pg. 83)

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